sábado, 29 de junho de 2013

Cidade Zero / Gorod Zero (URSS)

Gostaria de utilizar o blog para recomendações de filmes. Entretanto me limitarei a indicar apenas filmes que são poucos divulgados por cá. Divulgar essas pérolas é um dever. 





Sinopse: Aleksei Varakin é um engenheiro moscovita que viaja para uma cidade interiorana com a missão de especificar para uma indústria local mudanças práticas nos aparelhos de ar condicionado que fabrica. Porém nesta cidade todos agem de maneira estranha e ele acaba envolvido em um misterioso caso de suicídio. Por mais que tente, Varakin não consegue deixar a cidade, sendo obrigado a passar por diversas situações absurdas.








Comentários:

(1) Este filme é uma fábula de nossa vida - nós eventualmente - cada um de nós - com alguams raras exceções, chegamos a lugar desconhecido e ficamos lá preso para nunca - muito de nós, nos libertar. E o resto da nossa vida passamos a observar passivamente, sem nenhuma incredulidade, a idiotice absurda que nos rodeia - abandonando qualquer esperança de tomar um trem para Moscou. Este filme é Cherry Orchard de Checkov recontada em palavras de hoje, com memórias absurdas da história do século XX. A simples explicação ocidental para o sistema soviético como sendo "opressivo regime comunista" não tem nada a ver com a realidade - a opressão não estava vindo do KGB, mas sim, no idiotismo desesperado, o status quo, a estagnação absoluta. Um experimento de ficção científica, a única palavra que descreve a vida na união soviética é "tédio". Nos sabemos que privados de entradas sensoriais, o nosso cérebro começa a gerar ilusões. É isto que você vê neste "filme", escrevo entre aspas, pois pra mim não é um filme de ficção, é um documentário.



(2) Um pequeno tesouro desconhecido do cinema soviético, baseado na história de um homem que é enviado para uma cidade onde nada parece real. Sem dúvidas, uma festa para os amantes do verdadeiro cinema, mesmo um tanto lento às vezes, é intrigante, uma peça minimalista de trabalho. De fato, esta lentidão, somada à falta de música e de um diálogo em partes, torna o filme singular, de uma forma estranha. O filme inteiro parece um sonho, com uma atmosfera Eraserheadeana, que dissimuladamente leva você se sentir como se tivesse assistindo o sonho de alguém na tela.




Fonte

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